SINOPSE
Você acredita em destino?
Laura é uma sedutora mulher que se candidata a um emprego de babá. A
tradicional e imponente família Lutz é o alvo de um crime, onde Laura
desempenha importante papel. Tomando conta de uma criança triste e carente, ela
descobrirá que a família visada não é tão respeitável e que esconde segredos
inimagináveis. E aí, caça e caçador começam a se confundir.
Mais uma vez, o policial civil Douglas Ferreira e seu parceiro Renato
se envolvem em uma investigação que lhes revelará o quanto as pessoas mais
insuspeitas podem ser sórdidas e diabólicas. Além de investigar o desaparecimento de uma
menina e as razões de um suicídio, naquela mesma família, Douglas descobre novos
crimes envolvendo os Lutz. Ele se depara com seu caso mais incomum de serial killer e, pra dificultar mais o seu
trabalho, enfrenta outros inimigos mais perigosos: seus colegas de profissão!
Neste segundo thriller
policial, Fernanda Borges continua surpreendendo o leitor com personagens
ambíguos, reviravoltas e muito, mas muito suspense e mistério. O Reverso do
Destino aborda crimes cruéis, revelações bombásticas, traições e as várias
facetas do destino de uma pessoa.
QUEM COMANDA OS PRÓPRIOS ATOS TORNA-SE MESTRE DE SEU DESTINO.
AVISO IMPORTANTE:
Este livro contém SPOILERS do suspense policial ORGASMOS FATAIS!!! Se ainda pretende ler meu primeiro romance, aconselho a não iniciar a leitura desta degustação de O REVERSO DO DESTINO, para não acabar com o suspense do primeiro livro.
Este livro contém SPOILERS do suspense policial ORGASMOS FATAIS!!! Se ainda pretende ler meu primeiro romance, aconselho a não iniciar a leitura desta degustação de O REVERSO DO DESTINO, para não acabar com o suspense do primeiro livro.
CAPÍTULO 1
Laura caminhava apressadamente pelo calçadão da
praia da Barra da Tijuca, na altura do posto 2, enquanto, ao
mesmo tempo, tentava admirar a paisagem litorânea da Cidade do Rio de
Janeiro. Fazia exatos cinco dias que o Brasil havia sido
eliminado das quartas de final da Copa do Mundo de 2010. Apesar dessa derrota
nacional, Laura não estava nem um pouco abalada, já que ela não era muito
chegada a esportes. A jovem agora aproveitava o sol mais ameno de
julho, que combinado
com
o vento
que lhe agitava os longos cabelos cor de mel, parecia
acariciar sua pele clara e levemente corada. Invejava aqueles que
aproveitavam a praia durante a tarde. Eram pessoas que, provavelmente, não precisavam
trabalhar. Privilegiadas, pensou com certo desprezo.
Mas sorria, comparando mentalmente os corpos
seminus ao seu. Embora tivesse um físico invejável, naquela quarta-feira, Laura
tinha que
esconder suas formas sob vestes apropriadas para uma entrevista de emprego.
Ela tentaria ocupar uma vaga de babá. Pelo que lhe fora informado, a família era
tradicional e, por isso, escolhera um vestido social mais
comportado, combinando com o par de sapatos de salto médio
e de
cores
neutras; nada chamativo e tampouco confortável. Os cabelos levemente
ondulados estavam presos em um rabo de
cavalo
comportado, harmonizando o visual com pouca maquiagem.
Entretanto, sua maior dificuldade era esconder o rebolado carioca;
porém,
sabia que teria de se esforçar, pois não poderia perder aquela oportunidade
de emprego, com um excelente salário, além da chance de
mudar a sua vida.
Parou a caminhada frenética por uns
instantes, ao avistar um apart-hotel
conhecido, onde residira durante um tempo, em circunstâncias bem diferentes da
atual. Isso acontecera há quase dez anos, ela ponderava, mas as lembranças eram
bastante nítidas.
Laura sorriu discretamente, com certo
ar de aversão ao olhar aquele prédio; colocou novamente os óculos escuros e
continuou sua caminhada até o endereço visado.
Ao avistar o prédio luxuoso onde o casal
contratante morava com seu único filho, suspirou; seus olhos
escuros
brilhavam diante do que via: suntuosidade discreta, se é que poderia combinar palavras
tão antagônicas.
Mas
era assim que percebia aquele local; bem diferente do apart-hotel onde residira há quase uma
década.
Ela respirou profundamente e entrou pela
portaria, onde um funcionário de meia idade,
trajando um
uniforme impecável de porteiro a atendeu. A jovem exibiu seu documento de
identidade e se apresentou:
– Sou
Laura Montenegro. A senhora Sandra Lutz está me aguardando – sorriu amavelmente e o
porteiro retribuiu com outro sorriso, tocando o interfone da cobertura dos
Lutz.
Ele aguardou cerca de trinta
segundos, anunciou a chegada da candidata e liberou-a até o elevador social.
– Pode
subir – disse e conduziu-a, abrindo gentilmente a
porta do elevador que, para alívio de Laura, estava vazio.
Ela detestava entrar em elevadores lotados, com pessoas curiosas, que, muitas
vezes, tinham a mania de tentar puxar assunto, só para tentarem saber o que o visitante
fazia no prédio.
– Boa sorte na entrevista – desejou
o porteiro e sorriu
novamente.
– Obrigada.
Laura esfregava as mãos,
ansiosa, enquanto o elevador subia num deslizar quase
imperceptível. Ao parar no andar da cobertura, saiu devagar e observou atentamente
a decoração
requintada do corredor, onde um silêncio frio e mórbido reinava.
Mesmo assim, desejava aquele requinte... ainda que somente em seus sonhos.
A campainha soou melodiosa e agradável e, em menos de
vinte segundos, foi
recebida por uma mulher de baixa estatura, cabelos curtos e castanhos e
pele branca. Esta estava na faixa dos cinquenta e poucos anos e
tinha
semblante severo. A governanta a conduziu até um
sofá confortável da
sala de estar e pediu que aguardasse um pouco. Enquanto
esperava, Laura admirava a decoração da residência. A predominância das cores
dos móveis e das cortinas era de tons pastel, o que deixava o ambiente amplo,
porém sem características muito marcantes. Dois quadros de pinturas abstratas
conferiam um pouco de vivacidade ao ambiente. Mais uma vez, Laura achou um
tanto sem personalidade. Em uma estante, divisou três porta-retratos, mas
preferiu não se levantar para olhar mais de perto; poderia ser chamada a
qualquer momento e não queria passar a impressão de ser bisbilhoteira, justo em
sua entrevista.
Ajeitava a barra de sua saia, quando
a governanta retornou e pediu que a jovem a acompanhasse até onde Sandra Lutz a
aguardava. A cobertura era linda, parecia que a candidata estava em um cenário
de novela; tudo perfeito, decoração em mármore, lustres luxuosos,
enfim... tudo o que amava, almejava e nunca tivera em sua vida simplória.
Atravessaram um longo corredor e pararam em frente a uma porta. Ao abri-la, a governanta anunciou
Laura e uma voz feminina e extremamente suave, mas melosa
demais, convidou-a
a entrar.
A reação de ambas, candidata e entrevistadora, foi simultânea e similar:
–
Você é a Laura?
– Sandra perguntou sorrindo, parecendo estar satisfeita. – Será que
somos parentes?
– Já que a senhora mencionou, que coisa não?
Eram parecidas e ambas notaram a semelhança.
– Será um sinal? – A
Sra. Lutz
parecia ser uma mulher simpática, o que ajudou a quebrar o gelo.
– Tomara – Laura
retrucou e cumprimentaram-se informalmente. A
moça achou
isto incomum, pois, geralmente, mulheres de classe social
alta não eram tão sociáveis com
empregados, muito menos com meros candidatos.
– Bem, sente-se.
A empregadora era uma mulher de 31
anos, enquanto a outra ainda tinha 28, mas pouco se percebia
a diferença de idade, que também não era considerável. Ambas tinham a
pele muito
clara, a de Sandra um pouco mais dourada de praia; eram
aloiradas
e com cortes de cabelos similares, altura e compleição
física
aproximadas. Na verdade, a dona da casa tinha os cabelos uns dois
tons mais claros do que os de sua entrevistada, porém, isto não fazia muita
diferença. Embora não desse para confundi-las, poder-se-ia dizer que eram
parentes. Entretanto, apesar da semelhança física, Laura tinha um olhar mais
penetrante e intenso, uma expressão mais séria e, às vezes, sarcástica, ao
passo que a outra parecia ser mais suave, tranquila até. A futura babá percebeu
de imediato que era analisada discretamente, mas não da maneira como costumava
fazer; segundo diziam alguns conhecidos, às vezes, Laura tinha o dom de
desconcertar as pessoas com seus poderosos
olhos negros.
A entrevistadora parecia compenetrada e
a pretendente ao cargo ficou quieta, até que a outra terminasse de ler e iniciasse
suas perguntas:
–
Você
teve experiência como babá com uma família somente?
– Sim,
na verdade eu precisei trabalhar como babá, porque meu pai ficou desempregado e
foi uma oportunidade única e providencial na época.
Eu não
podia esperar até que aparecesse algo na minha área
de formação.
–
É, estou vendo que você é formada em Letras.
Respondeu com um movimento discreto
e afirmativo com a cabeça e Sandra parecia aprovar.
– Mas por que, então, procura
novamente emprego como babá?
Laura abriu um imenso sorriso
e respondeu:
– Eu amei cuidar de
crianças. Nunca imaginei que fosse gostar tanto.
– E
vai abrir mão de suas ambições? Você sabe que, por melhor que seja sua
remuneração como babá, não terá como evoluir profissionalmente.
–
Eu sei... – Sua expressão ficou tristonha de repente e isso
não passou despercebido.
–
O que foi? Eu disse algo que não deveria? – Sandra perguntou,
aparentando
preocupação.
–
Não, é que eu não estou à procura deste emprego só pelo dinheiro.
Eu
preciso...
–
Sim? – A dona da casa arqueava as sobrancelhas, curiosa.
– Eu
perdi um filho ainda bebê e cuidar de crianças me faz muito bem, entende?
– Oh!
Eu sinto
muito... – O olhar foi compreensivo e ela engoliu em seco
antes de prosseguir.
– Tão nova e já passou por isto?
– Pois
é...
– E
o seu marido?
Visivelmente interessada no assunto,
Sandra inclinou-se mais para frente, dando-lhe total atenção.
–
Eu sou solteira – respondeu meio sem jeito. – Foi um descuido na época.
– Ah,
entendo, desculpe. – Ela ajeitou os cabelos e, apesar
do sorriso cordial, parecia
desconfortável.
Afinal,
aquela candidata lhe
trazia à tona recordações que não vinham ao caso, bem como recordações de
si mesma, de fatos similares que também a atingiam.
– Bem, qual é a sua disponibilidade? Eu preciso
de alguém que more aqui.
– Sem
problemas, eu posso ficar. – Laura sentia que ganhava terreno.
– Você
tem família?
– Só
a minha mãe, mas ela não mora no Rio de Janeiro.
– E
onde você mora atualmente?
Pensou antes de responder:
–
Em uma pensão, no Centro da Cidade. Eu dou aulas de Inglês
e não dá
pra pagar nada muito melhor.
– Entendo... – Sandra pensava, girava
a bela caneta dourada entre os dedos elegantes, enquanto Laura permanecia firme. Contudo, estava inquieta
por dentro.
– Seria interessante o Marcelinho ter aulas de
Inglês – disse de repente.
– Marcelinho?
Sandra acenou a cabeça
afirmativamente, diante da pergunta de Laura.
– Como ele é?
–
Um amor de menino. Tem 11 anos, mas é bem inteligente para a idade. Só é um pouco tímido
– Sandra descrevia o menino mecanicamente.
–
Eu posso
conhecê-lo?
A outra deu de ombros
e concordou:
– E
por que não agora? Venha comigo, ele está jogando videogame no quarto. É
um inferno
fazer essas crianças largarem esses jogos – disse rindo, enquanto
Laura a seguia. – O pior é quando ele gruda os olhos nessas séries
policiais de TV!
Sandra era um tanto efusiva, Laura a
analisava
melhor agora.
A futura patroa andava
rapidamente à sua frente pelo corredor dos quartos e a
jovem
olhava o ambiente, sempre muito atenta. Cada detalhe a
despertava, como se buscasse algo por trás de tudo aquilo. A
dona da casa
abria a porta do quarto do menino, enquanto a encarava. Ambas pareciam se
estudar cordialmente. Sandra entrou e chamou a criança, que estava de costas para a
porta, sentado em uma poltrona e estava jogando
videogame,
como ela dissera. Quando Marcelo se virou
para as duas mulheres,
a futura babá
viu que o garoto era muito bonito: tinha uma pele clara,
cabelos castanhos escuros e lisos, cortados estilo “Romeu”
e olhos tão pretos quanto jabuticabas. Ele estava vestido como um adulto, trajando
calças
jeans e camiseta azul de mangas compridas, apesar do calor da cidade. Talvez fosse
pelo ar
condicionado forte do quarto, imaginou.
– Marcelinho, esta aqui é
a Laura – anunciou, com o tom de voz um pouco mais alto do que o
normal.
O garoto parecia ser realmente tímido, mas
era educado. Aproximou-se da moça e, inesperadamente, deu-lhe um beijo no rosto,
fazendo Sandra se espantar.
–
Muito prazer, Dona Laura – ele respondeu
e encarou
a candidata direto nos olhos. Isso a incomodou um pouco, embora
não soubesse
por quê.
– Você é lindo, sabia? E pode me chamar só de
Laura.
O garoto deu um meio sorriso e ficou
parado, sem dizer mais nada. Quando ela fez menção de dizer algo mais para
puxar conversa com Marcelo, foi chamada para fora do quarto pela dona da casa. Despediu-se do menino, que
continuou de pé, olhando as duas saírem.
Já do lado de fora
do quarto,
Sandra confessou:
– Estou impressionada. Ele nunca fez isso.
– Isso o quê?
– Te deu um beijo! Ele nunca chega nem
perto das candidatas, parece ter medo de todas.
– Que bom, pelo menos não o assustei – riu aliviada, mas achou
incomum a mãe estranhar a reação do filho. Parecia que conhecia tão pouco o
garoto.
– Muito bom mesmo. – Sandra
a encarava
de cima a baixo. – Olha, eu acho que podemos fazer uma experiência, que tal?
– Jura? Eu acho ótimo! – Laura relaxava
agora.
– Então, vamos lá no escritório pra
terminar de conversarmos sobre alguns detalhes,
inclusive
seu salário, é claro.
Então, as duas jovens mulheres
conversaram sobre o serviço que seria prestado à família, bem como sobre os benefícios
aos quais a funcionária faria jus. Após dar as coordenadas
sobre a função, Sandra
lhe fez
uma última exigência:
– Bem, Laura, eu não te escolhi à toa. Sua formação em Inglês
me atraiu bastante, porque quero que o Marcelinho aprenda a língua inglesa, mas não gosto
muito de cursinhos; prefiro que pratique no dia a
dia, sabe?
– Sei, mas como seriam as aulas? – Ela estava confusa,
pois imaginara que seria tão somente uma babá e não uma professora de Inglês.
– Você terá que se comunicar com ele somente em Inglês.
– O tempo todo?
– Sim. Ele tem umas poucas noções
e se
adaptará. Além disto, viajaremos nas próximas férias para a
Europa e
quero que esteja preparado. – Sandra enrolava uma mecha dos
cabelos, enquanto falava. – Mas fique tranquila, pois este serviço será pago à
parte.
– Como a senhora quiser.
Embora Laura achasse estranho aquele
jeito de lidar com o garoto, já que iria
morar
ali
durante um tempo,
não daria palpites. Afinal, seu propósito naquela casa era outro.
A criança era tão somente um meio, o gancho que precisava para entrar e
permanecer ali por algum tempo.
– Então... – Sandra parecia entusiasmada. – Você pode vir
e trazer suas coisas amanhã. Estarei te esperando... Ah, e você
conhecerá
meu marido. Ele volta de viagem amanhã também.
Werner Lutz era empresário e não passava muito tempo com a
família, em razão de constantes viagens de negócios.
– Estarei aqui no horário combinado –
afirmou, sentindo-se triunfante.
Após se despedir e deixar o prédio, Laura
saiu
esfuziante pelo calçadão. Soltou os cabelos e agitou-os para se livrar um pouco
daquela aparência careta. Ela estava louca para
contar as boas novas para o seu namorado Leonardo, que também aguardava ansioso sua
ligação. Ligou de seu celular para o dele, que atendeu apressado:
– E aí, gata, conseguiu?
– A voz meio arrastada e com um leve tom adolescente, revelava sua ansiedade.
– Claro, neném... – respondeu,
mexendo nos
cabelos, ficando com um ar mais selvagem e natural.
– A “pata” caiu. O terreno é nosso, baby!
Ja comecou deixando gosto de quer mais.
ResponderExcluirCade o proximo capitulo?
Quero continuacao! hahahah
hahahahaha... Ainda bem que deixei a curiosidade no ar. Bem, pretendo postar semanalmente, até o sétimo capítulo. O livro tem 26 capítulos no total e garanto que o suspense é mantido, bem como as surpresas, até a última página!
ExcluirFique de olho, pois semana que vem tem mais!
Beijos e obrigada por comentar.
Caraca a Laura ta armandooo! Adorei o primeiro capítulo, indo ler o outro rs.
ResponderExcluirLaura... a incógnita! rsrsrs
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